sexta-feira, 23 de julho de 2010

O sonho de um homem ridículo (The dream of a ridiculous man, Aleksandr PETROV, 1992)


Esse é um curta de Aleksandr PETROV, cujas obras conheci há pouco tempo, mas já estou completamente viciado, devo dizer. Seus filmes são feitos em animação, pinturas maravilhosas – não dá nem para imaginar quão trabalhoso é para fazer algo como aquilo. Além das imagens muito bonitas, outra coisa chamou minha atenção: suas adaptações para o cinema de obras consagradas, como é o caso da animação que fez para o livro de Hemingway “O Velho e o Mar”.

“O sonho de um homem ridículo”, em especial, é uma adaptação de Dostoievski. O caráter onírico da obra original foi muito bem exposto no filme. (PETROV parece gostar bastante de explorar os sonhos e alucinações e faz isso muito bem). A idéia de Dostoievski parecia estar em ótimas mãos, e não tenho muito do que reclamar desse curta.

Aleksandr PETROV usa muito bem as sombras e a escuridão, o que veio bem a calhar para a gravação. Para aprofundar a melancolia do personagem.

Na minha opinião, faltou apenas um trato melhor para a primeira parte do conto. Quando o personagem transbordava depressão, alheamento e autodestruição. PETROV parece estar ansioso para chegar ao sonho do homem ridículo, e não dá tanta atenção à tristeza patente do princípio, não que na gravação o personagem esbanje alegria, mas, o visual tétrico das primeiras linhas de Dostoievski e as falas abundantemente tristes, fazem entender melhor a redenção que acontece no final da história – lhe dão mais profundidade. Faltou uma cena, a cena quando o homem está deitado em seu próprio caixão, depois do suicídio. (A escolha de deixá-la de fora é do diretor, é claro, mas eu gostaria imenso de ver essa cena no curta).

Um comentário:

  1. Compartilho da mesma opinião e admiração, não só por Alexander Petrov, mas também por Dostoiévski e Hemingway

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