domingo, 18 de abril de 2010

Oldboy (Oldboy, Chanwook PARK, 2003)

Peguei este filme por indicação de uma garota que passou por minha vida – não assisti em tempo para dizer a ela o que achei, mas assisti, acho que para lembrar. Enfim, encontrei o DVD e trouxe para casa.

Quando li a sinopse fiquei um pouco desapontado, parecia uma história bastante conhecida já (Oh Dae Su, o protagonista, é sequestrado sem saber por quê, nem por quem, fica preso em um quarto por quinze anos; nesse tempo a raiva começa a dominar sua vida, quando lhe deixam sair tudo o que quer é vingança), isso parece muito com vários filmes que vi – inclusive alguns com (eargh) Schwarzenegger, que nem de longe me são agradáveis; Pensei que seria apenas mais um filme embasado numa luta cega por vingança, em que tudo explode a seu tempo. Mas, continuei assistindo e me surpreendi bastante com a intrincada história que foi tecida, duas horas do meu fim-de-semana passadas na frente da televisão e não me arrependo!

O que, na minha opinião, torna esse filme diferente de todos os outros caras raivosos do cinema é um background deveras complicado. Quando você começa a entender o motivo das coisas o que vem à sua cabeça é algo como “Oh! My dog!” e não o costumeiro “Tudo faz sentido agora”.Mesmo o paradigma da raiva por vezes é quebrado e tudo se confunde, o que parecia caminhar para um desfecho de jeito violento logo vira numa esquina que ninguém espera. É claro que a violência é muito usada no filme (devo dizer que as cenas em que arrancam dentes com um martelo são fortíssimas, ainda mais com Vivaldi tocando ao fundo – o que dá uma angústia horrível); mas não é só isso.

Também, uma cena me chamou a atenção e seu significado. Num momento Oh Dae Su tem uma ilusão, onde formigas estão por seu corpo todo. O significado que o próprio texto do filme dá mais tarde é bastante interessante: as formigas andam sempre em grupo, por isso algumas pessoas muito sozinhas têm ilusões com elas. Achei isso muito bacana, mas isso porque o filme, a expressão e seu significado tem um sentido muito específico para mim – nada mais. Não vem ao caso.

Outra coisa que reparei bastante é o protagonista em si, Oh Dae Su (Min Sik Choi), que no início está numa delegacia, preso por estar bêbado. Ele é bastante normal, o que torna o processo de passar a viver em virtude do ódio mais encarniçado. Quero dizer, ele não é um brutamontes que viu a família morrer e quer vingança a todo custo, a raiva florescendo tão rápido quanto uma explosão; Oh Dae Su é um cara normal e bêbado, preso por quinze anos e nesse tempo você vê sua noção de humanidade indo pelo ralo, ele passa a enxergar a vida por um prisma de ódio, gradativamente se tornando um monstro - o processo todo está ali. Nas primeiras imagens ele é pura emoção, depois é dor contida que quer explodir – você vê isso se concretizando, tudo dando lugar à dor e ao ressentimento, até um grand finale impressionante. Não vou falar do final, seria muita grosseria.
Ontem não foi um bom dia. Era uma sexta-feira, o que significa (finalmente) fim-de-semana, mas isso não quer dizer que obrigatoriamente tudo tenha que ser agradável; muitos fins-de-semana dão errado, incluindo as sextas-feiras e até mesmo alguns feriados. Não fui trabalhar, nem apareci nas aulas: não queria sair do meu quarto e não-me-importa-o-que-tem-lá-fora. Fui encontrar alguns amigos no fim da tarde, depois que os deixei, fiquei pensando no que havia para fazer a noite. Poderia ir a algum lugar que venda café e sentar para ler um bom livro; ou poderia ir a um bar aqui perto encontrar amigos, mas então havia o risco de ver uma certa garota que geralmente está por lá e taquicardia e... enfim; dentre estas duas opções, acabei indo à locadora de filmes - não estava a fim de ler, afinal.

Tão logo cheguei à locadora, me arrependi de ter ido. O que eu queria era ficar sem fazer nada em casa, quieto no meu canto. Mas já que estava lá, comecei a procurar algo para assistir. Encontrei alguns filmes que significam alguma lembrança (ex. Apenas uma vez; De tanto bater, meu coração parou; Brilho eterno de uma mente sem lembranças), fiquei observando suas capas coloridas. (Cheguei à conclusão que um gênero específico de comédia romântica tem um padrão inquebrável na hora de fazer as capas, outra hora falo sobre isso). Depois de um tempo considerável para me decidir, cheguei ao balcão com quatro filmes e voltei para casa para assisti-los. Tinha em mãos Oldboy (Oldboy, Chanwook PARK, 2003), que peguei por ter sido indicado algum tempo atrás, por alguém importante para mim; Bem me quer, mal me quer (À la Folie... Pas du Tout, Laetitia COLOMBANI, 2002), com Audrey Tautou como protagonista, peguei por sua causa apenas; Pergunte ao Pó (Ask the dust, Robert TOWNE, 2006), que é baseado no livro homônimo, um dos meus favoritos; e por último, mas não menos importante, Alice no país das maravilhas (Alice in wonderland, GERONIMI-JACKSON, 1951), para entrar no clima, afinal, semana que vem estréia oficialmente aqui no Brasil a versão do Tim Burton. Vou comentar os filmes conforme vou assistindo.

sábado, 17 de abril de 2010

Eu sou muito curioso. Quando vejo alguma coisa que não entendo ou que me chame a atenção, logo quero compreender seus mecanismos, como chegou até àquele nível ou simplesmente saber o que está acontecendo. Às vezes basta uma olhada, uma hipótese, um artigo a respeito; isso é o que acontece quase sempre, perco o interesse logo e um conceito simplório já é o suficiente. Mas, outras coisas (talvez aquelas que eu já tenha alguma propensão a me interessar), me incomodam mais; são perguntas que não saem de minha cabeça, interpretações, críticas, abstrações. Acabo por me apaixonar pelas dúvidas que afloram daquele terreno.

Geralmente é uma espécie de paixão à primeira vista e logo estou correndo atrás de bibliografia a respeito, e tudo o mais que possa haver. Foi assim que me apaixonei pela Música, apesar de não ser bom nisso. Também a Literatura se tornou minha amante, acabei colecionando livros, títulos e histórias (bem guardadas em minhas lembranças, talvez para contar para alguém), aprendi a escrever de acordo com uma imagem de beleza criada por meus padrões e embasada em meus autores favoritos; minha argumentação é totalmente pautada nessas obras; talvez o que me atraia na literatura seja compreender as outras pessoas através do que elas escrevem e de como fazem isso. A História é outra paixão, me encantei por seus olhos quando percebi que meus professores sabiam alguns milênios de passado, ou seja, eu teria um campo bastante amplo para saciar minha curiosidade; acabei por me tornar estudante de História. Como gosto da possibilidade de saber tudo, leio sobre todas as épocas históricas, e todo tipo de literatura, escuto vários estilos musicais; mas, obviamente, tenho minhas preferências - que não serão discutidas agora, talvez outra hora.

De uns tempos para cá, me interessei por Cinema também - e agora estou iniciando um blogpara falar a respeito, como eu disse, acabo me apaixonando por essas coisas. E Cinema é minha mais nova dama. Nosso romance começou há pouco tempo, como um caso mais sério. Aprendi a gostar de filmes ainda criança, na verdade: meu pai me habituou a ver alguns todas as semanas (no tempo do VHS ainda), na época assistíamos ao gosto dele - majoritariamente filmes de ação, que hoje não são meus favoritos. Me levou ao cinema pela primeira vez, mas não lembro qual filme assistimos nesse dia, apesar de lembrar de vários que vimos juntos. Eu ainda era muito pequeno, e o Cinema para mim era apenas o fascínio das imagens e o medo dos filmes de terror (quando eu puxava o cobertor para cobrir meus olhos, numa cena muito assustadora, e vários pesadelos depois). Depois de um tempo comecei a me interessar mais por filmes, muito disso devido à literatura, que foi adaptada para o cinema e com isso muitas obras diletas minhas. Até um dia em que comecei a assistir (agora já em DVD) um coletânea de filmes dos Lumière, então eu vi uma imagem que mexeu muito comigo; havia uma câmera com a lente voltada para o lado de fora da janela de um trem - um traveling, talvez o primeiro - e, devagar, iam passando pela tela os vários prédios da época, repletos da neve do inverno europeu. Imagens muito simples, não haviam pessoas nas ruas, nem animais ou coisa alguma, mas achei linda essa maneira simplória de retratar o passado - que é meu grande amigo. Logo percebi que os filmes eram muito mais complexos do que eu imaginava, e acabei por encontrar a subjetividade dos lápis dos autores de meus livros queridos, nas câmeras dos diretores de Cinema.

Agora pretende escrever aqui algumas sugestões de filmes, críticas e o que mais me apetecer, na forma de crônicas de meus dias, como um roteiro de minha vida e um livro de minhas idéias. Tudo com direito a pipoca e coca-cola e uns amassos lá na última fila de cadeiras: Boa diversão!